As "Forças Populares - 25 de Abril", mais conhecidas com
FP-25, foram uma organização terrorista de extrema-esquerda que operou em Portugal entre 1980 e 1987.
Um dos cabecilhas desta organização foi
Otelo Saraiva de Carvalho. Em 1985, tendo sido julgado e condenado em tribunal, foi preso pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril, responsáveis pelo assassinato de 17 pessoas em
atentados a tiro e à bomba e em confrontos com a polícia durante
roubos a bancos e tentativas de fuga.
Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória.
Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do Caso FP-25????
Eis o percurso desta organização:
Maio de 1980 - atentado com rockets no Royal British Club em Lisboa em solidariedade com o Exército Republicano Irlandês;
Maio de 1980 - assalto simultâneo a dois bancos no Cacém que resulta na morte do soldado da GNR Henrique Hipólito durante a confrontação com elementos da organização;
Maio de 1980 - morte do militar da GNR Agostinho Francisco Ferreira durante a detenção de elementos de um comando da organização em Martim Longo, Algarve;
Maio de 1980 - atentado frustrado com explosivos em Bragança;
Julho de 1980 - destruição por incêndio de viaturas da PSP;
Julho de 1980 - assalto à Conservatória do Registo Civil de Vila Nova de Gaia para roubo de impressos para bilhetes de identidade;
Setembro de 1980 - rebentamento de explosivos no consulado e na embaixada do Chile respectivamente no Porto e em Lisboa;
Outubro de 1980- rebentamento de explosivos nas sedes dos ex-Comandos em Faro e Guimarães; esta associação era considerada pelas FP-25 como a tropa de choque das desocupações de terras no Alentejo;
Outubro de 1980- assalto simultâneo a dois bancos na Malveira na sequência do qual são mortos dois elementos da organização (Vítor David e Carlos Caldas) e um cliente de um dos bancos (José Lobo dos Santos), ficando ainda feridos dois elementos da população local;
Inicio de 1981 - atentado com explosivos na filial do Banco do Brasil em Lisboa que causa um ferido;
Março de 1981- ferimentos ligeiros num comerciante da Malveira (Fernando Rolo) acusado de ser o autor dos disparos que causam a morte de um dos elementos da organização aquando de um assalto frustrado naquela povoação em Outubro do ano anterior;
Março de 1981- disparos nas pernas de um dos administradores da empresa SAPEC, no Dafundo, na sequência de conflitos laborais na empresa;
Março de 1981- assalto a um banco na Trofa;
Julho de 1981- disparos sobre o director-delegado da empresa Standard Eléctrica em Cascais causando-lhe ferimentos ligeiros; na mesma acção é ferido o seu motorista; a acção é justificada pela organização como uma resposta aos despedimentos e conflitos laborais que afectavam a empresa;
Julho de 1981- roubo de explosivos de uma empresa de construção, nos arredores de Évora;
Julho de 1981- assalto a um banco de Vila da Feira;
Meados de 1981- assalto a um banco de Leça do Balio;
Outubro de 1981- disparos nas pernas de um administrador da empresa Carides, em Vila Nova de Famalicão; a acção é justificada como uma resposta aos salários em atraso e aos despedimentos efectuados na empresa;
Outubro de 1981- morte de dois militares (Adolfo Dias e Evaristo Ouvidor da Silva) da GNR vitimas da explosão de um carro armadilhado em Alcaínça, arredores da Malveira; a acção inseria-se ainda no processo de retaliação relativo às mortes de dois elementos Vítor David e Carlos Caldas) da organização num assalto a um banco desta localidade;
Outubro de 1981- morte de um elemento da organização (António Guerreiro) na sequência de um assalto a um banco na Póvoa de Santo Adrião; no mesmo assalto é morto um transeunte (Fernando de Abreu) que, armado de pistola, faz frente aos elementos da organização;
Dezembro de 1981- atentado com explosivos ao posto da GNR de Alcácer do Sal;
Finais de 1981- atentados com explosivos nos postos da GNR do Fundão e da Covilhã;
Janeiro de 1982- atentado com explosivos ao posto da GNR do Cacém;
Janeiro de 1982- atentado com explosivos à residência de um industrial no Cacém;
Janeiro de 1982- assalto a uma carrinha de transporte de valores;
Abril de 1982- atentados com explosivos sobre o automóvel e a residência de dois administradores da empresa SAPEC;
Junho de 1982- disparos sobre a viatura onde se deslocavam dirigentes da cooperativa “Boa Hora”;
Agosto de 1982- atentado com explosivos colocados numa viatura, em Montemor-o-Novo;
Outubro de 1982- assalto a um banco em Pataias;
Outubro de 1982- assalto a um banco em Cruz da Légua;
Outubro de 1982- assalto a uma empresa de Vila Nova de Gaia;
Dezembro de 1982- atentado mortal sobre o administrador da Fábrica de Louças de Sacavém, Diamantino Monteiro Pereira, em Almada; a organização justifica a acção como uma resposta aos despedimentos colectivos efectuados pela administração;
Janeiro de 1983- elementos da organização libertam da prisão um militante das FP-25, em Coimbra;
Fevereiro de 1983- assalto a um banco em Espinho;
Fevereiro de 1983- assalto a um banco no Carregado;
Abril de 1983- assalto a um banco no Tramagal;
Junho de 1983- assalto a uma empresa;
Agosto de 1983- assalto a um banco de Matosinhos;
Setembro de 1983- assalto a uma empresa, em Pereiró;
Novembro de 1983- atentado com explosivos ao posto da GNR de Leiria;
Novembro de 1983- atentado com explosivos visando um administrador da empresa Cometna;
Novembro de 1983- atentados com explosivos em residências de empresários na Cruz de Pau e Seixal;
Dezembro de 1983- atentado com explosivos a instalações bancárias em Leiria e Caldas da Rainha;
Dezembro de 1983- rebentamento de engenhos explosivos com difusão de panfletos em Setúbal;
Janeiro de 1984- assalto a um banco em Caneças;
Janeiro de 1984- atentado com explosivos visando administradores das empresas Entreposto, Tecnosado e Tecnitool;
Janeiro de 1984- atentado a tiro contra a residência do administrador da empresa Ivima, na Marinha Grande;
Janeiro de 1984 - assalto a uma viatura de transporte de valores na Marinha Grande que resulta em ferimentos graves (paraplegia num dos casos) em dois dos seus ocupantes;
Fevereiro de 1984- atentados com explosivos visando empresários na Covilhã e Castelo Branco;
Fevereiro de 1984- assalto a uma carrinha de transporte de valores que resulta no roubo de 108.000 contos, em Lisboa;
Abril de 1984- atentado com explosivos em Évora;
Abril de 1984- atentado com explosivos na residência de um agricultor em S. Manços, Alentejo; os efeitos da explosão provocam a morte de uma criança de 4 meses de idade (Nuno Dionísio);
Maio de 1984- sabotagem da Estrada Nacional nº1 através do lançamento de pregos na via;
Maio de 1984- atentado mortal contra o administrador da empresa Gelmar, Rogério Canha e Sá, em Santo António dos Cavaleiros; a acção é justificada pela organização como uma resposta aos sucessivos despedimentos e falências registados não só na Gelmar como em outras unidades fabris onde o referido administrador havia exercido funções;
Junho de 1984- atentado a tiro, causando ferimentos graves, contra o administrador Arnaldo Freitas de Oliveira, da empresa Manuel Pereira Roldão, em Benfica; a organização justifica a acção, que deveria resultar na morte do referido administrador, como uma punição pelas alegadas irregularidades e despedimentos verificados na referida empresa;
Junho de 1984- operação policial ‘Orion’ destinada a desmantelar a organização e da qual resultaria a detenção de cerca de setenta pessoas a maior parte das quais militantes e dirigentes da Frente de Unidade Popular;
Agosto de 1984- atentado frustrado com explosivos numa serração de Proença-a-Nova resultando em ferimentos graves no elemento da organização que se preparava para os colocar;
Setembro de 1984- disparos sobre o posto da GNR de Barcelos na sequência de uma carga desta força policial sobre populares que se manifestavam contra a poluição emitida por uma fábrica de barros contígua;
Setembro de 1984- disparos nas pernas do proprietário da empresa Cerâmica Modelar, António Liquito, em Barcelos; a organização justifica a acção como uma punição pela recusa do empresário em regularizar uma situação de emissão de resíduos que afectava a população local;
Setembro de 1984- atentado com explosivos na residência de um agrário, no Alentejo;
Setembro de 1984- atentados com explosivos em residências de agrários em Montemor-o-Novo;
Setembro de 1984- atentado com explosivos na Penitenciária de Coimbra;
Dezembro de 1984- ataque com granadas de morteiro às instalações da NATO em Oeiras;
Março de 1985- atentado mortal sobre o empresário da Marinha Grande, Alexandre Souto, levado a cabo no recinto da Feira Internacional de Lisboa; a organização justifica a acção como uma resposta à morte de um sindicalista da Marinha Grande alegadamente morto pelo empresário na sequência de uma disputa pessoal;
Abril de 1985- na sequência de uma operação da Polícia Judiciária perto da Maia, são detidos três operacionais da organização e um quarto (Luís Amado) é morto a tiro;
Julho de 1985- atentado mortal sobre um dos ‘arrependidos’ da organização (José Barradas), no Monte da Caparica, Almada;
Setembro de 1985 - fuga do Estabelecimento Prisional de Lisboa de um grupo de presos da organização;
Fevereiro de 1986- atentado mortal sobre o Director-geral dos Serviços Prisionais, Gaspar Castelo Branco, em Lisboa; a acção é justificada pela organização como uma resposta às duras condições de detenção dos seus militantes e à alegada intransigência dos Serviços Prisionais na pessoa do seu Director-geral;
Abril de 1986- disparos sobre a esquadra da PSP dos Olivais em retaliação pelos alegados maus tratos aí sofridos por um elemento da organização aquando da sua detenção; desta acção resulta um ferido ligeiro;
Setembro de 1986- atentado com explosivos a um empreendimento turístico no Algarve; esta acção é reivindicada pela ORA (Organização Revolucionária Armada) um grupo formado por dissidentes das Forças Populares 25 de Abril;
Agosto de 1987- morte do agente da Polícia Judiciária Álvaro Militão durante a detenção de elementos da organização, em Lisboa;
Meados de 1989- detenção dos últimos militantes ainda clandestinos.